20
Mar 11

Começo a achar algum prazer nas idas ao cinema em modo só. Sem mana ou amigos, para manter aquela leve conversa antes do início do filme. Ou para opinar durante o intervalo. Ultimamente tenho ido a grandes salas comigo e só eu. Em análise una e acima de tudo, porque me falta companhia.


Mas fora isso, tenho a dizer que não gosto muito da cultura dita 'tuga' nesta questão. Faz-me um pouco de impressão como é que as pessoas se empanturram de pipocas, em doses quase industriais e com reforço no intervalo. Depois o interminável burburinho dos copos de coca-cola que parecem não ter fim. Na sessão de hoje, de Gnomeu e Julieta até vi uma bela de uma família com um pacote de Madalenas, daquelas de 20 unidades. Fiquei de boca aberta.


Certamente que há esclarecimento possível para isto: a sessão era para crianças, domingo à tarde e com pais à mistura para compor o ramalhete.


Contudo, em muitos outros filmes, de âmbito diferente, assisto a posturas idênticas. Há malta que não aguenta duas horitas sentado, em pura captação de mensagem ou simplesmente a apreciar as estórias e personagens. Nem penso que o fazem de boca aberta, para não me chatear. Pela positiva, já estive em boas salas, público maduro, direito, correcto, que ao mínimo sussurro despacham logo um 'shiuuuu' para equilibrar a concentração. Nem 8 nem 80. Mas por favor, não sejam alarves no cinema.

historiado por vanessaquiterio às 23:51
tags:

25
Jun 10

Virgens Suicidas é um filme que prende só pela imagem, cor e pormenor. Virgens moças, na flôr da idade, que tentam libertar-se do jugo controlador de uma mãe antiquada. Os desejos e os medos são os mesmos que de qualquer adolescente. Mas, pergunto-me: Se não for vivida à flôr da pele, de que nos serve passar por este estádio de graça?


A banda sonora, dos magníficos AIR é algo de outra dimensão, uma conjugação perfeita com aquele ambiente 'polaroid' e cortante, que deixa escorrer a amargura de não poder actuar para mudar o decurso dos acontecimentos. Os míudos, os eternos apaixonados das vizinhas 'Lisbon', são aquilo que qualquer um de nós, eternos jovens, vivemos - olhares desejosos, criaturas observadoras das outras vidas, puras e angelicais, das Virgens Suicidas.

 

Este filme será uma marca . . . ainda não sei bem do quê, mas uma marca.

historiado por vanessaquiterio às 23:24
tags:

15
Jun 10

Este filme magoou-e. Pela sua coerência e realidade. Será que o passado deixa marcas, cilindra-nos as memórias e nos marca assim tanto?

Vou dormir. . . Fiquei de rastos . . .

historiado por vanessaquiterio às 00:54
tags:

14
Jun 10

Para colmatar uma vontade extrema de ir ao cinema e ver as 'histórias de outros', decidi dedicar a noite passada a dois filmes que andavam na minha cabeça já a algum tempo: I Love You Phillip Morris e The Good Guy.

Gostei de ambos, na sua peculiar particularidade de saber amar o outro, na lealdade de não magoar, de se ser a pessoa que se é na realidade. Foi um bom mix, 'vamos a ver' como correm as próximas escolhas.


 

historiado por vanessaquiterio às 13:06
tags:

07
Mar 10

Este novo 'Alice no País das Maravilha' é um filme agri-doce, a meu ver, e na mais singela opinião de uma mera apreciadora do mundo criativo de Tim Burton.


AVISO: É aconselhado a quem ainda não viu o filme a não leitura deste post. Contém partes da trama que convenientemente devem ser vistas no filme e não descortinadas num post de opinião.
 


Esta Alice que desde o início é dada como a falsa Alice, 'a que não é' ou 'que podia até ser' é uma personagem aguerrida e atirada para o fantástico mundo da Rainha Branca e da malvada Rainha Vermelha, a pequena cabeçuda, tão humana quanto nós.


Ao longo do filme fui tentando descobrir a sensação de desponta. Algo que me fizesse saltar da cadeira e entusiasmar na corrida atrás do coelho branco de colete e de 'tic-tac' despertador. O enredo é conhecido, as personagens mais que sabidas e aquele tomar chá meio enlouquecido um bom momento de riso. Mas, pelo todo que é esta película de Tim Burton, a sensação que fica é de "boa, vim ao cinema, mais um filme visto. Ponto."


Esperava não sei bem o quê. O 3D a mim não me cativa (pelo menos para já). E o imaginário irreverente do Tim Burton não desabrochou como em filmes anteriores. A marca está lá mas leve. Na minha opinião bem caracterizada na personagem do Chapeleiro Louco, de olhos verdes penetrantes e sonhador quanto todos poderemos ser. "Serei real?", questiona-se a Johny Deep aquando da tentativa de acreditar que tudo é um sonho por parte de Alice.


A história podemo-la tirar não tanto a ferros mas em análise mais profunda: "todas as pesssoas boas são loucas". De uma loucura que as transcende de realidade e leva ao mundo das maravilhas. A farsa, o ambiente que envolve a Rainha Vermelha é também algo a retirar - "mais vale ser temida do que ser amada" - constata a autoritária personagem que passa metade do filme a ordenar "cortem-lhe a cabeça!". Os outros, que a rodeiam, são o rosto do mundo do faz de conta, do agradar por agradar, o bajular por bajular. Aqui entro em acção na minha crítica à moralidade que poderia existir neste filme. Ao de cima vem o valor da sinceridade e inteiro que cada um de nós deve ser e ter, de autenticidades, sem narizes postiços, barrigas falsas ou orelhas a fingir. A Rainha Vermelha, pequena e cabeçuda, apercebe-se do mundo que criou com a própria nega do seu mais que tudo cavaleiro, que a tenta matar bem no finzinho do filme. Atónita é levada para fora do País das Maravilhas e resignada à solidão.


No fim, Alice volta ao que sempre foi, agarra o seu poder de decisão por entidade própria. Salva a situação e volta à realidade. Não casa como costume que lhe querem impor. Parte antes à descoberta. Não sei, não tanto de um novo País das Maravilhas, mas de um mundo ainda por descobrir, sem coelhos de relógio ou lagartas azuis. Sem chá desconcertado, personagens encartadas e de tabuleiro axadrezado. Sem monstro com nome esquisito e gato de riscas enigmático. Essas personagens já eram suas, de sonho tocado e real.


O filme foi isto, perto de duas horas de vegetal constatação que desta vez Tim Burton não se transcendeu a si próprio. Só apanhou boleia no imaginário a que estamos habituados. Mas isto é a minha opinião. Agri-doce.


O 3D não me fascina. Foi a primeira experiência nesta modalidade de óculos engraçados. Não preciso de ter as personagens "em cima de mim", tocar na acção da película nem quase entrar no enredo apresentado. Serei única a pensar assim? Ora, pelo menos trouxe uma recordação, para além do simples bilhete. Pelo menos, vale-nos isso.

 

historiado por vanessaquiterio às 21:12
tags:

subscrever feeds
subscrever feeds
Vanessa Quitério
pesquisar
 
blogs SAPO