A experiência de viver em comum com mais de quarenta pessoas
O ingresso no ensino superior acarreta inúmeros custos e muda radicalmente os hábitos quotidianos de qualquer estudante. Coimbra, a cidade dos estudantes por excelência, não foge à regra e ao longo dos anos tem desenvolvido infra-estruturas e apoios adequadas às necessidades dos novos alunos.
A experiência de entrar no ensino superior é algo que marca e que inicia uma nova fase na vida de qualquer estudante. O partilhar casa ou quarto com um grupo de amigos é algo comum na cidade de Coimbra, bem como em qualquer cidade universitária do nosso país. Mas partilhar um quarto com outra pessoa, num universo de mais trinta e oito pessoas é uma situação que nem todos percepcionam ou alguma vez experimentaram.
Atentos a esta situação e com vista a melhorar as condições de permanência de centenas de estudantes que ingressam o Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), os Serviços de Acção Social do IPC têm desenvolvido mecanismos de apoio social de forma a auxiliar os estudantes mais carênciados.
O objectivo destes serviços é favorecer um acesso fácil ao ensino superior e discriminar de forma positiva os alunos economicamente mais carenciados e/ou deslocados através da prestação de serviços de apoios pontuais.
De entre os apoios prestados destacam-se:
- Bolsas de estudo e auxílio de emergencia;
- Alojamento;
- Alimentação em cantinas;
- Serviços de saúde e de clínica geral;
- Apoio a actividades despotivas e culturais.
Ana Martins, aluna na Escola Superior de Educação, dá o seu testemunho sobre a sua vivência nas residências do IPC.
As residências são unidades habitacionais destinadas a estudantes, a preços acessíveis, com vista a adequar um ambiente de estudo e convívio entre estudantes e promover a integração dos mesmos.
Os SASIPC dispõem actualmente de cinco blocos residênciais para estudantes: dois em Bencanta, junto à Escola Superior Agrária de Coimbra e três na Quinta da Nora, junto ao Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC). Também na Quinta Agrícola em Bencanta encontram-se três casas que alojam estudantes do IPC.
Nos três blocosresidenciais perto do ISEC, dois para raparigas edoispara rapazes, estão albergados cerca de 148 alunos. Cada bloco está equipado de quartos duplos, com casa de banho privativa e aquecimento central, uma sala de convívio, quatro salas de estudo, quatro cozinhas totalmente equipadas e uma lavandaria com máquina de lavar e secar.
Recentementefoi disponibilizada rede wireless por todo o complexo das residências, proporcionando assim uma melhoria na qualidade de vida dos estudantes que, anteriormente, tinham de se deslocar até ao ISEC ou ao Coimbra Shopping para aceder à internet.
O número de candidaturas ao alojamento do Instituto Politécnico de Coimbra tem subido consideravelmente nos últimos anos. Segundo fonte dos Serviços de Acção Social do IPC, actualmente cerca de duzentos e setenta estudantes beneficiam deste tipo de apoio.
“É uma experiência agradável e que me ajudou a crescer, a ter que partilhar” refere Joana Pimentel, estudante da Escola Superior de Coimbra, que está nas residências do IPC deste Setembro.
Ana Martins, estudante de Comunicação Organizacional na ESEC desempenha o papel de delegada da R3 do IPC, na Quinta da Nora. Este cargo consiste na harmonização das relações interpessoais daqueles que auferem deste tipo de apoio e no auxílio em questões de ligação entre os estudantes e os SASIPC. “Há muita gente que não lida bem com a liderança”, refere. “ Tento fazer o meu melhor e ajudar no que puder”.
As redes de apoio social são também uma mais-valia para estes novos estudantes e um bem essencial para a sobrevivência e subsistência de muitos estudantes nesta nova fase. Cada vez mais os alunos que ingressam o ensino superior necessitam de apoios sociais e recorrem aos serviços de Acção Social das suas faculdades e Institutos. (ver quadro abaixo)
O projecto das residências nº3 do Instituto Politécnico de Coimbra foi uma obra dos arquitectos Gonçalo Afonso Dias e de Daniela Antunes. A sua construção ocorreu entre 1999 e 2000 a cargo do construtor Manuel Rodrigues Gouveia e custou cerca de dois milhões de euros.
A estrutura habitacional do IPC, composta por cinco blocos autónomos (só quatro é que servem de habitação a estudantes), faz a alusão às carruagens de um comboio descarrilado, criando assim a ilusão de um corpo único. A sua maqueta, da autoria dos já referidos arquitectos, foi integrada na exposição “Habitar Portugal 2003/2005”, estando em exposição no ano de 2006 no Cento Cultural de Belém.