Vamos abrir a noite
Com música de jazz
Vamos abrir a noite
Percorrê-la depois
num barco de borracha
Enforcar a memória
Celebrar o segredo
Descobrir de repente
Uma ilha que nasce dentro
do teu vestido
Chamar-lhe Madrugada
Adormecer contigo.
David Mourão-Ferreira
Poema encontrado no caderno de Economia do Jornal Expresso de 16/01/2010
... gostava de ser menos falhada que no ano anterior:
Gostava de terminar finalmente a carta e condução e torna-me numa pessoa como tantas outras, que se movem por conta própria num veículo de quatro rodas;
Gostava de passar, nesta quinta tentativa, no examde de Deontologia e assim dar por terminado o curso de Comunicação Social, uma coisa que nasceu e cresceu a ferros mas que ainda me dá tormentos e tira o sono de noite;
Gostava de voltar de novo para casa, mais no final do ano, embrenhar-me novamente nas lides académicas e talvez entrar na aventura de ingressar o Curso de Ciências Religiosas na Católica ou, num parâmetro totalmente oposto, na área de MKT ou estudos jornalísticos;
Agarrar esta juventude agri-doce, sentir-me util e capacitada, não devedora de acções que me castram a vontade e sonhos - por outras palavras, deixar de chorar a noite porque me sinto uma falhada na vida. O síndroma pessoano faz em mim um mal tremendo mas reconforta-me ao mesmo tempo.
Desculpem os leitores que me acompanham, amigos e trauseuntes. Estas são as balelas de uns 22 anos ainda virgens, novinhos em folha. Na segunda-feira o ponto um pode ficar resolvido e a 29, trato de resolver a alínea 2.
Por qualquer eventualidade se as coisas não correrem bem, ai sim, é que piro de vez!
Passados os segundos de transição do dia 16 para 17, só tenho a dizer uma coisa: É SÓ MAIS UM ANO!
De repente entro na idade capicua e, tudo fica na mesma. É isso mesmo, na mesma. O ano começou há pouco e o caminho delineado nos 21 anos será o mesmo a percorrer nos novíssmos 22.
Desejo um feliz aniversário à outra aniversariante, a pessoa que me acompanhou desde o ventre materno e que até aos 18 anos partilhou comigo o mesmo quarto cá em casa e as vivências da adolescência.
Um beijo para ti Renata, a gémea tão diferente como a noite o é em comparação ao dia.
Ao rondar o Facebook descobri na conta de um colega de infância, uma foto antiga, de memórias infantis e que me fez sorrir.
Chegando o momento crucial de deixar os 21 anos e entrar numa idade capicua, gosto sempre de relembrar o meu mundo de "pequenina".
Deixo o desafio: tentem descobrir-me e à minha gémea.
Uma música do Homem que "já virou verbo"
<___ "Wyatting" (Wyattando) - termo criado para descrever a prática do uso de faixas estranhas de uma jukebox de um pub para perturbar os frequentadores de outro pub. ___>
in Wikipédia
( A escuridão esconde certos momentos. E aqueles, sim aqueles!, nem o escuro luar os apaga)
Pudera, tenho (ainda) só 21 anos....
Por mais voltas que dê na rotunda em que se tornou a minha vida, não deixo de pensar na estupidez que fiz ao entrar à paposeco numa outra, durante o meu exame de condução.
À conta disso adio por mais umas semanas a obtenção de tão reluzente cartão que me habilita a conduzir e, mais chato ainda, desembolso mais 350 euros.
Sinceramente não me desanimei, só que é balde de àgua fria chumbar numa coisa destas e passar (mais um) atestado de azelhice a mim mesma. Não esqueçamos o meu chumbo à cadeira de deontologia e este último ano e meio em que ando entre código e condução, sonhos e projectos.
A minha mãe sempre me disse que "quem muitos burros toca, algum deixa para trás". E não é que ela tem por vezes razão!
"That’s what inspires each of the songs on the album," says Lhasa. "The mysterious force that doesn't let us box ourselves in, that compels us to keep changing. The road is alive, we can't freeze or stop it. And we know can't."
Lhasa de Sela morreu na passada sexta-feira vítima de cancro da mama.
A sua doçura fica entre nós, na sua inesquecível forma de cantar as palavras.
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