20
Set 10

Para os mais distraídos confesso, tenho 22 anos e meio. Em Janeiro, ali pelos seus dezassete dias, completo a capicua mais um, no tão glorioso caminho que é ir avançando na idade. Mas, contudo, nem sempre esse caminho se preenche de tão gloriosa fama, muito mais de gloriosas alegrias. Hoje estou triste. Porque percebo que esta minha juventude de pouco de liberta tem.


Sou como os demais jovens da minha idade, como uma independência frustrada, com uns horizontes bastantes largos mas que se estreitam pelas circunstâncias da vida, como o actual panorama económico e social do nosso querido país.Não se posso queixar assim tanto. Já vivi em Coimbra e no Porto. Agora no Alentejo e em Lisboa. Tenho três casas durante a semana. Porque me queixo?


Comecei a trabalhar, dito gloriosamente, com os devidos descontos, aos vinte e um. Longe de casa, com responsabilidades certas e importantes, como docente de EMRC numa escola pública nos confins do Alentejo. Passado um primeiro ano, o balanço é sempre positivo. A independência desejada lá se foi cimentado, mas nem de perto bem calcada. A esta altura o que ganho não me paga sequer as mínimas despesas. Daí a frustração: deixei a paixão de uma vida, o jornalismo está em águas de bacalhau.


E a tal independência, dita gloriosa, está por um fio, já que tenho que pedir aos pais para me pagarem as prestações do carro. E que vida então é esta? Sei que procurei um caminho diferente, que avancei por um terreno desconhecido e que à partida me ia levar a uma espécie de 'desgosto amoroso' por deixar uma paixão e me habituar a um pequeno romance.


Vivo muito de emoções. Passo o tempo em viagens, por não aguentar estar num mesmo local mais que duas semanas seguidas. Porque não consigo habituar me a 'esse local', por não achar identidade, apêgo. Sei que o meu lamento é desmedido, quem dera a muitos ter a sorte que tive, um ordenado fixo ao mês e um sorriso chapado na cara.


Passem ao lado de tudo isto. Certamente amanhã já nem me lembro desta (minha) juventude.

historiado por vanessaquiterio às 09:01
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Vanessa Quitério
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